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03 janeiro 2017

Travessia do Mediterrâneo: o enorme saldo de migrantes e refugiados mortos em 2016

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), até dezembro do ano passado, 7.274 migrantes refugiados foram declarados mortos no mundo inteiro desde o início de 2016, 4.913 deles apenas na travessia do Mar Mediterrâneo, o que indica uma média de 14 pessoas por dia.

Esse número, que representa migrantes que tentavam chegar à Itália, Grécia, Chipre ou Espanha, sofreu um aumento de 30% em relação às 3.777 mortes registradas na mesma região no período de 2015.

A OIM acredita que diversas outras mortes não reportadas ocorreram não apenas no Mediterrâneo, mas no mundo inteiro.

 

Menos migrantes chegaram e mais morreram. Por quê?

Apesar do aumento no número de mortes no Mediterrâneo ano passado, a quantidade de pessoas que chegaram à Europa caiu drasticamente: de mais de um milhão em 2015 para cerca de 400 mil em 2016.

Isso se deve a duas razões principais: a geografia das rotas e os traficantes que promovem a travessia.

Em 2015, mais de 850 mil pessoas fizeram a travessia pela chamada rota oriental que parte da Turquia e atravessa o Mar Egeu até chegar às ilhas gregas. Este ano, o número de pessoas que chegaram por esta rota caiu e, concomitantemente, houve um aumento na chamada rota central, que sai da Líbia e chega à Itália.

A mudança de rota principal ocorreu em grande parte devido a um acordo firmado entre Turquia e União Europeia, que determina que os migrantes que chegam à Grécia devem ser devolvidos à Turquia se não solicitarem asilo ou o pedido for rejeitado.

O problema aqui é que a rota central é mais perigosa em comparação à oriental.

Não bastasse isso, os contrabandistas que realizam as travessias o fazem em péssimas condições, utilizando embarcações inapropriadas como lanchas, barcos de pesca de madeira, e até mesmo botes infláveis.

“Muitas pessoas nos contaram que não queriam vir para a Europa quando deixaram seus países de origem. Para muitos deles, o país de destino era a Líbia. Mas o que eles encontraram lá foi abuso e violência. Como consequência, eles decidiram tentar a travessia pelo mar, colocando suas vidas nas mãos de contrabandistas sem escrúpulos, que os forçaram a embarcar em barcos inapropriados para navegação. Esses naufrágios não podem ser, portanto, considerados meros ‘incidentes’. Eles são a consequência de um comportamento criminoso de traficantes.”, afirmou Flavio Di Giacomo, representante da OIM.

 

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