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21 outubro 2020

Risco de vazamento de 1,4 milhão de barris de petróleo no Atlântico

O navio venezuelano Nabarima está sob risco de afundar e junto a ele 1,4 milhão de barris de petróleo. Tal naufrágio pode gerar um enorme desastre ambiental. A situação é ainda mais grave posto que a derramada do petróleo seria cinco vezes maior do a quantidade que havia sido derramada no caso Exxon Valdez em 1989, um dos maiores acidentes ambientais da história que provocou comoção mundial.

A embarcação buscava a exportação de petróleo da Venezuela. Todavia, ficou ancorada no Golfo de Paria pelos últimos 20 meses, entre a costa venezuelano e a ilha de Trinidad e Tobago, devido ao diminuição da demanda mundial por petróleo e também pelas sanções estadunidenses contra o regime de Maduro. O navio, que é copropriedade da estatal venezuelana Petroleos de Venezuela e da empresa italiana Eni Spa, pode ser visto por fotos em que é evidente que a embarcação de 264 metros está adernando e afundando.

Segundo a Marinha brasileira, “a posição Nabarima está a cerca de 1.300 km das Águas Jurisdicionais Brasileiras, e as condições de corrente naquele local possuem um regime de dispersão no sentido Noroeste (direção ao Mar do Caribe)”. E continuará avaliando as correntes marítimas e outros fatores de forma a antecipar qualquer ação necessária no Brasil.

Diante disso, as autoridades do navio afirmaram que se planeja a transferência de parte do petróleo da embarcação venezuelana para outro navio, Icaro. Isso seria feito por meio de operação STS (“ship to ship”). Por sua vez, as autoridades de Trinidad e Tobago declararam que pretendem inspecionar o Nabarima. Já o Brasil, por meio da Marinha em um grupo que inclui o Ibama e a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) acompanha a situação do Nabarima.

Por fim, a organização de Pescadores locais sem fins lucrativos e Amigos do Mar (FFSO) clama por um Estado Nacional de Emergência. A região do Caribe abriga uma incrível biodiversidade marinha e terrestre e 30% do PIB das ilhas em seu entorno dependem do turismo que certamente ficará comprometido caso ocorra o triste derramamento.

 

 

Por Júlia Machado Aguiar, estagiária do Instituto Brasileiro de Direito do Mar (IBDMAR), sob supervisão de Tiago Zanella, Presidente do Instituto.

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Referências:

PAMPLONA, Nicola. Com coronavírus, petróleo cai ao menor patamar em 17 anos. Folha de São Paulo, 18 de março de 2020. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/03/com-coronavirus-petroleo-brent-cai-ao-menor-patamar-em-17-anos.shtml>. Último acesso em: 21.10.2020.

Navio com mais de 1 milhão de barris de petróleo corre risco de afundar na Venezuela. G1. 21 de outubro de 2020.  Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/10/21/navio-venezuelano-com-mais-de-1-milhao-de-barris-de-petroleo-corre-risco-de-afundar.ghtml>. Último acesso em: 21.10.2020.

Navio com milhões de galões de petróleo corre risco de naufrágio. MSN. 21 de outubro de 2020. Disponível em: <https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/navio-com-milh%C3%B5es-de-gal%C3%B5es-de-petr%C3%B3leo-corre-risco-de-naufr%C3%A1gio/ar-BB1afKiR>. Último acesso em: 21.10.2020.

O desastre ecológico do superpetroleiro Exxon Valdez, no Alasca, em 1989. Acervo o Globo.12 de setembro de 2013. Disponível em: <https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/o-desastre-ecologico-do-superpetroleiro-exxon-valdez-no-alasca-em-1989-9938120>. Último acesso em: 21.10.2020.

 

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