Dia Marítimo Mundial
por Marcelo José das Neves
Mestre em Direito pela Universidade Católica de Santos Professor de Direito Marítimo da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante
No dia 24 de setembro foi comemorado o Dia Marítimo Mundial. A data foi criada pela Organização Marítima Internacional (IMO) em 1978, por ocasião do 20º aniversário do início de suas atividades, para propor debates sobre à segurança no mar e à proteção do ambiente marinho, destacando a importância do transporte marítimo seguro, ambientalmente correto, eficiente e sustentável. Nesse ano de 2020, a 42ª edição do evento aborda o tema “Transporte Marítimo Sustentável para um Planeta Sustentável.
Este tema proporcionará a oportunidade para que players de vários setores, incluindo o de transporte marítimo, reflitam sobre o trabalho realizado e os passos urgentes no caminho para um futuro sustentável.
A IMO desenvolveu e continuará a desenvolver medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, reduzir o teor de enxofre do óleo combustível dos navios, implementar a Convenção de Gerenciamento da Água de Lastro, proteger as regiões polares e reduzir o lixo marinho. A quantidade de plástico encontrada atualmente nos Oceanos nos traz um cenário assustador.
A proteção ao meio ambiente marinho remonta a tempos anteriores à própria criação da IMO, com o advento da OILPOL, em 1954. Toma força com a Declaração de Estocolmo, em 1972, e com a criação da MARPOL, em 1973, com seu protocolo de 1978.
Na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente (RIO-92), vários líderes mundiais concordaram com a promoção do desenvolvimento sustentável, com foco nos seres humanos e na proteção do meio ambiente como partes fundamentais desse processo, adotando a Agenda 21, a primeira carta de intenções para promover, em escala global, um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI.
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) surgiram de diversas conferências realizadas nos anos 90 sobre o desenvolvimento humano. A Declaração do Milênio e os ODM foram adotados pelos Estados-membros da ONU no ano 2000 e impulsionaram os países a enfrentarem os principais desafios sociais no início do século XXI.
Após a Rio+20 (2012), novas questões de interesse global voltaram à pauta, compondo uma nova agenda de desenvolvimento, e novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram criados. A aprovação dos ODS na Assembleia Geral da ONU ocorreu em 2015, com a criação da Agenda 2030.
A Agenda 2030 consiste em um plano de ação com 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas, para erradicar a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. São objetivos e metas claras, para que todos os países adotem de acordo com suas próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria global que orienta as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro.
Os 17 Objetivos são integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. São como uma lista de tarefas a serem cumpridas pelos governos, a sociedade civil, o setor privado e todos cidadãos na jornada coletiva para um 2030 sustentável.
Ao combinar os processos dos Objetivos do Milênio e os processos resultantes da Rio+20, a Agenda 2030 e os ODS inauguram uma nova fase para o desenvolvimento dos países, que busca integrar por completo todos os componentes do desenvolvimento sustentável e engajar todos os países na construção do futuro que queremos.
Em nossa pauta sobre o Direito do Mar, destacamos o ODS 14 – VIDA NA ÁGUA, que visa conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável
Os oceanos tornam a vida humana possível por meio da provisão de segurança alimentar, transporte, fornecimento de energia, turismo, dentre outros. O grande problema é que grande parte dos oceanos está sendo afetada incisiva e diretamente por atividades humanas, como poluição e pesca predatória, o que resulta, principalmente, em perda de habitat, introdução de espécies invasoras e acidificação. Nosso lixo também ajuda na degradação dos oceanos – há 13.000 pedaços de lixo plástico em cada quilômetro quadrado. É frente a esses desafios que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável indicam metas para gerenciar e proteger a vida na água.
Destacando ainda mais a importância, estamos vivenciando a Década dos Oceanos. Instituída pela ONU, teve início no dia 8 de junho de 2020 – Dia Mundial dos Oceanos. Como já noticiado aqui nesta coluna, os Oceanos abrigam a maior biodiversidade do planeta e são fundamentais para a sobrevivência de todas as espécies, e por isso, é extremamente relevante assegurar sua conservação e o uso sustentável de seus recursos, para o próprio bem da humanidade.