A missão da Rússia para evitar um Chernobyl Marinho
A Rússia vem se destacando ao longo dos Séculos XX e XXI por ser uma potência nuclear, o que inclui o armazenamento de 1.600 ogivas nucleares e a utilização de submarinos nucleares do modelo Losharik. Dentro do contexto geopolítico, a Rússia tem se utilizado do Mar de Barents, no Círculo Polar Ártico, para manter parte de seu arsenal submarino. É importante salientar que o Mar de Barents se caracteriza como um importante habitat de morsas, baleias e ursos polares, além da alta quantidade de bacalhau.
Com a intenção de evitar um desastre nuclear na região, o governo do Presidente Russo, Vladimir Putin, assinou, em março de 2020, um Decreto, declarando a intenção de retirar dois submarinos e quatro compartimentos nucleares do Mar de Barents,. Tal iniciativa, segundo o governo russo, reduziria em 90% a quantidade de matérias de fonte radioativa no Ártico. Entre os elementos que podem ser liberados, podem ser encontrados o Césio-137 e o Estrôncio-90, ambos altamente radioativos.
O projeto deve ser concluído em até 12 anos e o risco de vazamento é considerado baixo, porém existente. “Nós consideramos extremamente baixa a probabilidade de materiais radioativos vazarem desses objetos, mas é um risco inaceitável para os ecossistemas do Ártico” cita o Chefe da assistência técnica da estatal russa Rosaton, Anatoly Grigoriev, responsável pelo projeto. Embora os elementos radioativos se diluam no mar, o risco concentra-se na bioacumulação em animais, sendo, posteriormente, ingerida por seres humanos.
A possibilidade de um desastre nuclear preocupa também as autoridades internacionais. O Instituto de Pesquisa Marinha da Noruega (Havforskningsinstituttet) classifica que as consequências econômicas de um desastre podem ser piores do que as consequências ambientais. A Holanda, por seu turno, tem questionado a transparência e segurança da indústria nuclear russa.
O governo russo tem trabalhado na redução de riscos na região, o que serviria para evitar também a ocorrência de novas tragédias, como o acidente nuclear com o submarino K27, em 1968, e o caso Kursk, em 2000, em que um submarino russo sofreu um incidente explosivo no fundo do mar.
Notícia produzida por Gabriel Dall’agnol Debarba e Mário Henrique da Rocha, estagiários do IBDMAR, sob a supervisão do Prof. Dr. Leonardo de Camargo Subtil, Vice Presidente do IBDMAR.