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12 agosto 2020

Mudanças climáticas colocam o Canal do Panamá em risco e medidas de segurança limitam seu funcionamento

O Canal do Panamá é um canal artificial inaugurado em 1914 e que tem como objetivo reduzir o percurso viajado pelas embarcações. Construído no Panamá, o canal liga o Oceano Atlântico ao Pacífico fazendo uso das águas de um lago artificial denominado Lago Gatun. Contudo, as mudanças climáticas estão colocando o funcionamento desta travessia chave do comércio marítimo em risco.

O Lago Gatun armazena as águas da chuva durante a temporada chuvosa. Durante a temporada de seca, a água acumulada é utilizada pela população, compensando a falta de chuva desta época do ano. Comumente, o Lago enche até 26,5 metros acima do nível do mar, descendo para 25,9 durante a época de seca. Entretanto, as chuvas desde julho de 2019 encheram o Lago somente até 24,7 metros, colocando todo o canal em risco.

O baixo nível de água presente no Lago afeta seu funcionamento, tornando necessária a adoção de novas medidas. A primeira delas envolve o “NEOPANAMAX”, ou seja, o limite máximo das dimensões do navio que pode fazer a travessia. Mediante o baixo nível de água, o peso limite imposto pelo Canal diminuiu, fazendo com que boa parte das embarcações passem sem sua capacidade máxima ou deixem de passar, gerando grandes prejuízos ao Canal. A partir de fevereiro de 2020, foi limitado o número de embarcações que poderiam atravessar o Canal, além de começar a cobrar pela água doce que é consumida durante a travessia. A tarifa a ser paga é fixa de até US$ 10 mil por trânsito, dependendo do tamanho do barco e uma variável em relação ao nível do lago ligado ao canal no dia que a travessia for efetuada.

As alterações climáticas não se limitam à diminuição da chuva, mas à evaporação da água armazenada. As altas temperaturas aceleram a evaporação das águas, fazendo com o que o acúmulo de água presente no Lago Gatun diminua. Teóricos postulam que esta evaporação tem relação direta com El Niño.

Os níveis de água não somente influenciam negativamente o funcionamento atual do Canal, mas também o desenvolvimento dele. Em 2016, houve um avanço quanto à capacidade máxima dos navios fazerem a travessia. Um dos objetivos do Canal era de possibilitar que embarcações “ultra-largas” pudessem fazer a trajetória. Contudo, diante dos baixos níveis de água, tornou-se impossível o upgrade desejado devido à necessidade de implementação de medidas para proteção do funcionamento do Canal.

 

 

Notícia produzida por Gabriel Morais de Souza Santos, estagiário do IBDMAR, sob a supervisão da Prof. Carina Oliveira, Professora da Faculdade de Direito da UnB. Colíder do Gern-UnB.

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