O Brasil na Antártida
Há quase 37 anos, pela primeira vez, um navio brasileiro alcançava uma terra localizada no extremo sul do globo, a Antártida. Essa região é caracterizada pelo ambiente extremo, com mais de 90% de seu território coberto de gelo, além da maior reserva de água doce, de gás natural e petróleo do mundo, segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). O continente gelado, no século XVIII passou a ser visado por diversos países que buscavam sua exploração e expandir-se territorialmente e, posteriormente, após a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de instaurar acampamentos militares no local. Somente durante o Ano Geofísico Internacional, ocorrido entre 1957 e 1958, a comunidade internacional passou a discutir o papel político, econômico e científico que a Antártida poderia proporcionar para as relações internacionais, criando-se, logo em seguida, o Tratado da Antártida, em 1959.
O Tratado da Antártida tem como principal objetivo a utilização da região apenas para fins pacíficos, além do incentivo a atividades científicas. De acordo com o que é exposto pelo tratado, é proibido qualquer atividade de natureza militar, realização de testes nucleares e a criação de depósitos de lixo radioativo. Porém, o tratado não proíbe o uso de pessoal e equipamentos militares para a contribuição em pesquisas científicas ou qualquer atividade pacífica. Nessa perspectiva, embora variadas estações científicas sejam organizadas pelas forças armadas nacionais, assim como a brasileira, através da Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira, os programas tem caráter civil e não militar. Essa imensa cobertura de gelo tem grande importância para o meio ambiente internacional, sendo definida como reserva natural para a paz e a ciência pelo Tratado de Madri em 1991.
O Brasil aderiu ao Tratado da Antártida em 1975 e iniciou suas atividades na região em 1982, com a criação do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), cuja participação é voltada para estudos ambientais. Diversos institutos de pesquisa nacionais contribuem com a formação de estudos científicos-tecnológicos que podem gerar impactos na vida da sociedade em geral. Entre as principais pesquisas na área de biotecnologia, destacam-se os campos de formulação de medicamentos, desenvolvimento de novos pesticidas e a fabricação de produtos como anticongelantes e protetores solares. Além disso, o Programa Antártico Brasileiro contribui para a integração da ciência brasileira com outras partes do mundo, em razão das parcerias com diferentes países presentes na região.
Embora o isolamento geográfico, a Antártida é essencial para análises do futuro do planeta, especialmente em questões referentes a mudanças climáticas e sua influência no mundo, principalmente no Brasil. De acordo com um estudo feito por biólogos brasileiros e outros cientistas do British Antarctic Survvey,o aumento dos ventos no centro da Antártida podem intensificar as secas na floresta amazônica. Logo, através dessas pesquisas, cogita-se entender melhor os problemas ambientais que o mundo está lidando para que políticas públicas possam ser constituídas de maneira efetiva para evitar ao máximo que tais mudanças se tornem irreversíveis.
Por conseguinte, é imprescindível a aplicação de recursos para que a atuação brasileira na região continue relevante e possa contribuir para questões como a mudança climática e o uso sustentável de recursos naturais de maneira eficaz. Assim, todos os países devem trabalhar em conjunto para manter esse ambiente preservado uma vez que a região interfere diretamente no nível do mar e nas mudanças climáticas mundiais, sendo de interesse comum a preservação de tal ecossistema.
Notícia produzida por Clara Barbosa, estagiária do IBDMAR.