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09 agosto 2019

Usina nuclear flutuante russa causa receio em ambientalistas

A Empresa Estatal Russa de Energia Atômica(Rosatom, na sigla inglesa) acaba de autorizar o funcionamentoaté 2029de sua primeira usina nuclear flutuante, Akademik Lomonosov, em uma jornada de cerca de 6.500 Km pela rota marítima do Norte. O lançamento visa ampliar o uso de energia nuclear pela Rússia, auxiliando também seus planos de expansão pelo Ártico.

Após o abastecimento de combustível nuclear, no Porto de Murmansk (Rússia), próximoda fronteira com a Noruega e Finlândia, a Akademik Lomonosovserá enviada ao Porto de Pevek (Rússia), localizado no interior do círculo polar ártico, em uma jornada de um mês. Tendo a bordo dois reatores nucleares KLT-40S, para prover calor e energia, a embarcação russa deve cooperar nas minerações e operações de perfuração na região. Segundo os estudos russos, o projeto irá fornecer energia limpa para a região, permitindo a retirada de uma usina nuclear antiga e de uma estação de queima de carvão, sendo capaz de produzir energia para até 100.000 residências.

Para a Rosatom, a grande vantagem desse projeto de centrais nucleares flutuantes é o fato de não causarem dano ao meio ambiente. Além disso, por meio dele, será possível a produção de energia a um menor custo econômico para as populações que vivem na região do Ártico, carentes de infraestrutura. Cerca de dois milhões de russos encontram-se próximo do Ártico, em comunidades de difícil acesso. Apesar disso, a região é responsável por 20% do PIB da Rússia, em razão de suas estratégicas riquezas minerais, especialmente petróleo e gás.

Há algum tempo, a Rússia tem direcionado àquela região navios quebra-gelo, submarinos e outras embarcações, movidos em sua maioria à energia nuclear, com a perspectiva de estabelecer ali lucrativas rotas comerciais. De acordo com Thomas Nilsen, editor do Barents Observer, até 2035, o Ártico russo corresponderá às águas com a maior presença de tecnologia nuclear.

Em virtude desse processo de nuclearização do Ártico pela Rússia, diversas organizações ambientalistas, como o Greenpeace, têm publicado preocupações e levantado questionamentos em relação ao projeto. Tratando a embarcação como “Chernobylflutuante”, essas organizações questionam a viabilidade econômica do projeto russo e a real intenção do governo russo. Neste sentido, estaria por trás da iniciativa um plano de domínio territorial no Ártico pela Rússia.

Diante da repercussão global dos questionamentos dos ambientalistas sobre os riscos do projeto de central nuclear flutuantes, um dos engenheiros-chefes da Akademik Lomonosov, Vladimir Irminku, afirmou que o sistema nuclear da embarcação é completamente diferente daquele utilizado em Chernobyl e que não há nenhuma evidência sobre o risco de pane dos reatores nucleares a bordo. De qualquer forma, a Rosatom tem adotado procedimentos de avaliação de impactos, estando preparada para agir no controle de danos em um eventual problema com a central nuclear flutuante.

Enquanto as discussões acontecem, a Rosatom anunciou a assinatura de contratos de construção de centrais nucleares flutuantes em outros países como, por exemplo, o Sudão. Certamente, a globalização dessa tecnologia exigirá uma postura específica por parte da Agência Internacional de Energia Atômica.

 

Notícia produzida por Gabriel Morais, estagiário do IBDMAR.

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